data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Reprodução
Quem nunca presenciou uma cena de agressividade, seja ela verbal ou física? Aliás, permita-nos perguntar: você é ou já foi agressivo com alguém? Seja no trânsito, no futebol, em uma reunião tensa de trabalho ou até sozinho, todo o ser humano está sujeito à agressividade.
No Faz Sentido do último domingo, os apresentadores Carlos Eduardo Seixas e Fabiana Sparremberger abordaram algumas características deste sentimento, ou quem sabe, desta reação.
Em outubro, em uma partida de futebol em Venâncio Aires, o árbitro Rodrigo Crivellaro foi agredido a pontapés por um jogador. Embora afirme que não teve intenção, William Ribeiro foi acusado de tentativa de homicídio e já tem antecedentes criminais por brigas em campo.
Este fato chamou atenção dentro e fora do Rio Grande do Sul e levanta a discussão a respeito do que leva um profissional a agredir outro em um ambiente em comum.
DESDE OS PRIMÓRDIOS
Raiva, agressão e violência são distintos entre si e acompanham as pessoas desde os primórdios da humanidade. Violência é uma cultura, raiva é um sentimento, já a agressividade é comportamento. Mas precisamos evitar os exageros. Ser objetivo, por exemplo, não é agressividade. Calma o coração.
SENTIMENTO UNIVERSAL
A raiva é um dos cinco sentimentos universais do ser humano, junto ao medo, tristeza, alegria e susto. A gente nasce "sabendo" senti-los, e os animas têm a mesma experiência. Nascemos chorando de raiva por sermos tirados da mãe.
Temos o direito de sentir raiva, no entanto, é necessário saber como expressá-la. Mas será que sabemos externar tudo o que nos incomoda?
REAÇÕES
Mediante uma interpretação que leve à ofensa ou ao sentimento de invasão emocional, as pessoas tendem à tensão muscular, aumento de nível sanguíneo e à vontade de "subir para cima". Esse é o comportamento da raiva. Ou seja, posso sentir raiva e extravasar de um jeito saudável, mas posso, também, cometer atos que irão me trazer consequências. Nenhuma emoção é problema, mas o que fazemos com ela, sim.
AGRESSIVIDADE
Palavra que significa "mover-se em direção a". Trata-se de outro comportamento nato, faz parte da socialização e, inclusive, ajuda a estabelecer limites. O problema é quando ela se torna sinônimo de desrespeito. Episódios isolados não nos fazem agressivos, mas, quando é recorrente, tornamo-nos passíveis de medo e distanciamento.
QUANDO A AGRESSIVIDADE VIRA VIOLÊNCIA
Raiva é a emoção motivadora, agressividade é o comportamento. Já a violência é um tipo de cultura decorrente de um poder maior, comum em situações de domínio, onde ela é, geralmente, institucionalizada. Isso é perceptível em ameaças, danos físicos e ou psicológicos, privação e coerção. Muitas pessoas que não têm comportamento agressivo vivem sob a cultura da violência. Negligência, por exemplo, é uma forma de violência, ou seja, tudo o que ameaça a integridade de alguém.
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PADRÕES
Nossos temperamentos carregam ao menos algum traço de agressividade, mas inúmeras situações contribuem para que desenvolvamos padrões agressivos. A maneira como nos ensinaram a lidar com as frustrações têm grande poder neste quadro. Se viemos de um ambiente, onde as nossas figuras afetivas têm comportamentos violentos, a tendência é reproduzir. Quem tem dificuldade de conter a raiva "parte para cima", fala alto, gesticula bastate e pode ir para a agressão física.
O CORPO SENTE
A raiva altera os hormônios. Não tem como não sentir, mas tem que jogar o estresse para fora. Afinal, tudo o que entra no corpo tem que sair.
Pessoas que não sabem liberar sentimentos tendem a sofrer AVCs, gastrites, ataques cardíacos, entre outras doenças. É preciso, de maneira equilibrada, sentir e liberar a raiva. Aliás, trata-se de um sentimento ligado ao senso de justiça, que é legítimo no ser humano.
CINISMO
Outro elemento importante a ser considerado é o cinismo. Trata-se do comportamento que não "explode", mas debocha, vive sob o humor ácido e desconta aos poucosa ira que afirma não ter sentido. Não guarde nenhum sentimento.
Faça exercícios físicos, bata no travesseiro, mas não engula o descontentamento. Uma educação que tenha limites, entre querer e poder, por exemplo, contribuirá para que a pessoa saiba lidar com a raiva e escolha viver fora da cultura da violência. Ao longo da vida, sempre haverá crise e conflitos entre positivo e negativo. É necessário ensinar isso desde a infância. Uma pessoa saudável precisa sentir o lado negativo e o aspecto positivo da vida. Estabelecer limites faz com que as pessoas saibam tolerar frustrações. Precisamos ensinar e aprender que a gente não tem tudo o que deseja.
PONTO DE VISTA
O índice de agressividade está aumentando, enquanto a empatia diminuiu gradativamente. Os seres humanos estão sendo criados para serem superiores e independentes uns dos outros. Isso é consequência, entre outros fatores, das novas tecnologias, que formam, cada vez mais, uma geração individualista. Hoje, você não precisa de um amigo para brincar, por exemplo, pode jogar virtualmente. Outro detalhe importante: não se pode ignorar o ponto de vista do outro. Você pode estar apenas brincando e, ainda assim, ofender alguém.
O QUE AJUDA?
Recorra a exercícios físicos e de relaxamento, como meditação e ioga. Algumas pessoas têm no artesanato e em outras atividades, uma forma de buscar a calma. Priorize a boa alimentação e um sono reparador, mas não como forma de evitação. Use a raiva de maneira criativa. Componha uma música, toque um instrumento. Você pode, inclusive, socar o travesseiro, só não descarregue a raiva nos outros, por favor. Não esqueça: as reações oriundas da raiva são fisiológicas. Sempre que precisar, busque acompanhamento médico e psicológico.
DEIXA FLUIR
O Faz Sentido foi às redes e perguntou:
- Você já sofreu algum tipo de agressão? - A maioria das pessoas já sofreu agressão física ou verbal
- Como você reage mediante a uma possível agressão? - Ignorar, tentar manter a calma e incentivar ações educativas foram as principais respostas do público nas redes sociais
- O que você faz quando está com raiva? - Leitura, exercícios físicos, técnicas de relaxamento,atividades manuais,meditação e música foram as sugestões mais citadas
- E mediante uma provocação? - Contar até 10 e pensar antes de agir foi a opção mais votada. No entanto, "reagir à altura e não levar desaforo para casa" teve praticamente o mesmo número de votos
PROGRAMA FAZ SENTIDO
- Quando - Domingo, das 11h ao meio-dia
- Tema - Como a espera pelo julgamento impacta a saúde mental dos sobreviventes e familiares das vítimas da tragédia da boate Kiss? O programa terá como convidado o médico psiquiatra Vitor Calegaro.
- Como acompanhar - Pela CDN, 93.5 FM, e pela TV Diário, nos canais 26 e 526 da NET, no YouTube da TV Diário e site do Diário
- Apresentadores - Jornalista Fabiana Sparremberger e psicólogo Carlos Eduardo Seixas